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LÁ VEM VOCÊ COM ESTE PAPO DE PANDEMIA!





- Imagem - @kraai65
- Texto -  Um Rapaz Latino Americano

Tudo começou lá por meados de março. Antes disso, tínhamos algumas notícias de um novo vírus que havia sido descoberto lá pelas bandas da China, mas nada consistente. Era um tal de Corona ou coisa assim.
Com o passar dos dias, o número de casos foi aumentando. Chegou à maior cidade do país, depois para às demais e enfim, a notícia do primeiro caso na minha. Mas não estão perto, então porque me preocupar? Com o passar dos dias, as notícias começaram a ficar mais tensas. A OMS (Organização Mundial da Saúde), tinha uma vaga ideia do que ocorria, mas as decisões e orientações foram claras - Fique em casa.
O problema é que trabalho em um departamento de aproximadamente 400 pessoas. As expectativas quanto aos cuidados para conosco eram grandes. Pensamos, vão colocar todo mundo em home office, já que poucas áreas de fato necessitam permanecer trabalhando em campo.
A empresa disse que não podíamos parar. Ok. Então, vai todo mundo trabalhar na empresa? Não. Começaram a liberar as pessoas as quais tinham maior risco de contaminação. Legal, ufa, que bom! Depois, passaram para aquelas que residiam com pessoas do grupo de risco. Opa, que legal, vão estender a todos! Que bom, vou poder ficar em casa e proteger a minha família, já que a minha esposa está em home office. #SóQueNão.
Comecei a ficar muito perturbado emocionalmente, as terapias passaram a ter quase que um assunto fixo, a pandemia e o medo de contágio. O vírus foi chegando cada vez mais perto, tivemos um caso dentro do nosso polo de trabalho. Qual era a desculpa da empresa? Não se preocupem, estamos tomando os devidos cuidados. Detalhe, quando descobrimos que havia uma pessoa infectada, a empresa fez a limpeza de controle biológico, vários dias após o resultado positivo da COVID-19. Aquelas semanas foram terríveis.
Passei a meditar novamente, voltei a ler livros de meditação e auto ajuda. Pedi que adiantassem as minhas férias, assim poderia descansar um pouco. Quando retornei à empresa, descobri que as coisas não haviam melhorado muito, continuamos com as mesmas políticas. Pessoas que foram colocadas em home office são convocadas sob alegação de risco de perda sistêmica e interferência nos índices. Agora me diga, uma vida vale mais que os números? Quando viramos moeda de troca? Vale mais a imagem da empresa perante o mercado financeiro, do que os empregados que nela trabalham? Ao que parece, sim.
Apesar de tudo, a pandemia nos trouxe algumas coisas boas, descobrimos que somos capazes de fazer o mundo inteiro trabalhar por um bem maior. Mas, por outro lado, descobrimos que para algumas pessoas e empresas, não passamos de meros números, facilmente substituíveis.
Hoje, estou tentando seguir sem me preocupar. Pois fui penalizado por cobrar melhores condições de trabalho, de uma maneira não muito ortodoxa, concordo. Entretanto, como dar voz a algo quando seus superiores não lhe ouvem? (Lembre-se, mais vale a imagem perante ao mercado financeiro, do que um empregado saudável).
Mas não é de coisas ruins que temos que falar, né? Vamos falar de coisas boas, e estas vieram aos montes. Aprendi que a paciência é a melhor das qualidades. Ressignificamos nossos interesses, reaprendi a ver a vida por outros olhos e dar valor a quem realmente importa. Coisa que não fazia há bastante tempo. Decidi mudar completamente o rumo de minha vida, vou estudar algo que nunca tive coragem de encarar, por medo de falhar ou por receio de não saber desenhar. Vê se pode?

Mas, daqui eu sigo feliz, com o coração



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